Juventude da Periferia da Amazônia Paraense
Marcinho Pitbull foi um cidadão do Estado Democrático de Direito que conheceu a forma mais cruel de violação dos direitos humanos: o extermínio dentro do seu território.
Falar sobre o Marcinho significa dar voz as adolescências e juventudes das periferias
As periferias são produtos históricos dos processos capitalistas no Brasil, foram criadas a partir da ótica da exploração colonial, que tem origem no capitalismo mercantil. Por obvio, as adolescências e juventudes sofrem os impactos da colonialidade embricados nas instituições brasileiras amazônicas, e em setores da sociedade que reproduzem essa heranças de um país criado a partir de tomadas de decisões autoritárias, racistas, do ódio à classe trabalhadora gerando criminalização, subalternização e fortalecendo violências contra as populações moradoras das periferias, incluindo na Amazônia Paraense.
Quando exterminam as adolescências e juventudes moradoras das periferias não é incomum nas instituições do Estado e alguns setores da sociedade as vítimas serem acusadas de "vagabundagem", de serem "vítimas do acaso" por "estarem no lugar errado" e surgirem uma série de justificativas que culpabilizam as vitimas e ocultam os responsáveis. Isso é resultado do processo histórico de formação territorial na Amazônia que anula há mais de 500 anos as capacidades dos povos originários, tradicionais e também estigmatizam as periferias urbanas.
Ao caro leitor: entenda esta página como uma explicação para a sociedade civil e para o Estado sobre quem são as vitimas de extermínio em nosso território. Nós não aceitamos que jovens periféricos sejam mortos, responsabilizados por suas próprias mortes, nem es discursos de corredores e muito menos em documentos oficiais.
Dizer quem foi Marcinho é dizer quem são as adolescências e juventudes exterminadas por grupos de extermínio, milicias, tráfico e polícias no Pará. Não podemos trazer o Marcinho a vida, dessa forma entendemos que nosso compromisso é com a prevenção de novos assassinatos. Por tanto, é preciso dizer e redizer, quantas vezes forem necessárias quem são os adolescentes e jovens exterminados até que cessem os casos de extermínio da juventudes nas periferias da Amazônia Paraense.
Marcinho começou a trabalhar aos 17 anos, no programa de jovem aprendiz do SENAC-Pará, recebeu carta de recomendação das Empresas do Grupo Líder, onde iniciou sua carreira. Abaixo estão as provas que constam a carteira de trabalho assinada, diploma de conclusão de curso de Aprendizagem e carta de recomendação.
Adolescência
Embora seja uma dificuldade enorme, Marcinho Pitibul teve a adolescência com o direito a profissionalização exercido com sucesso. Queremos multiplicar esse direito a mais adolescentes.
História de vida e morte
Marcio dos Santos Rodrigues, o Marcinho Pitbull
Marcio dos Santos Rodrigues, in memoriam, nasceu em 17 de setembro de 1992, no município de Belém, no Pará. Filho biológico de Suzana dos Anjos Amaral, foi criado pelos avós paternos (Walter e Neuza) tios legítimos de Suzana. Sempre manteve o vínculo mãe-filho com a mãe biológica.
Ele era conhecido na comunidade como Marcinho, estudou em escola pública, estudou programa de Menor Aprendiz do SENAC-Belém (CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DE CURSO AO LADO) por onde começou a trabalhar aos 17 anos (CARTEIRA DE TRABALHO AO LADO).
Nesse período organizou um grupo de jovens para participar de eventos de Aparelhagem e Tecnobrega, muito comuns entre os jovens das periferias paraenses. O grupo chamou-se Mega Kamaradas do Tapanã.
Marcinho conseguiu patrocínio de uma marca de roupas (PitBull) a qual rendeu seu apelido na comunidade Marcinho Pitbull. Além do trabalho cultural e de lazer com crianças, adolescentes e jovens de periferias Marcinho era funcionário de um restaurante em um Bairro central de Belém (CARTEIRA DE TRABALHO AO LADO), no qual trabalhava de carteira assinada de segunda a sexta-feira.
Foi morto aos 22 anos, na rua onde morava, com um tiro pelas costas, sendo uma das 10 vitimas da ação de grupos de extermínio em Belém entre a noite do dia 4 de novembro de 2014 e a madrugada do dia 5 de novembro de 2014, segundo informações da CPI da Assembleia Legislativa do Estado do Pará de 2015.











